Paciência: uma riqueza em extinção

Num tempo em que as mensagens eletrônicas
são capazes de encurtar qualquer distância
e a velocidade da vida impõe que homens e mulheres
se desdobrem para cumprir horários,
algumas virtudes, que deveriam ser características do ser humano,
vêm ficando pra trás.
Bastante nítida é a inversão de papéis,
preocupante é a multiplicação das falências sociais.
Numa época em que o mundo
passou a se orientar por gírias e por conceitos destrutivos,
e que o casamento é tido como “instituição falida”,
mais parecemos reféns da desordem.
Desordem essa que atropela tudo de bom que vê pela frente,
que atropela a paciência, que atropela o respeito,
que incentiva a falta de educação, e abre as portas para o caos.
Desordem que ensina às pessoas a pôr no “estresse”
a culpa pelo descontrole emocional,
quando, na verdade, deveria ensinar que o descontrole emocional, antes de qualquer coisa,
denuncia a falta de uma referência sólida,
denuncia a falta de uma referência instrutiva.
Em outras palavras, o que está faltando, pra muita gente, é “levar Jesus Cristo a sério”.
E levar Jesus a serio é assumir compromisso com o bem, é definir princípios de vida.
Quando se leva Jesus a sério as coisas passam a ser compreendidas de outra maneira,
de maneira diferenciada, menos explosiva, mais sensata e paciente.

Com paciência, os nossos olhos enxergam mais longe do que o “calor do momento”,
e o fato de enxergar mais longe amadurece os nossos gestos e as nossas atitudes.
Quantas confusões seriam evitadas se a paciência falasse sempre mais alto?
Quantas separações seriam evitadas se a paciência, que é a musa inspiradora da renúncia, fosse, juntamente com o amor, o norte a guiar os passos de um casal?
Infelizmente, o cenário ainda não é esse, a ordem de prioridades também não é essa.
Antes da paciência, aparecem o uso da força, a política do pavio curto, a rigidez excessiva,
e uma série de outros instrumentos que tanto degeneram as relações interpessoais.
É triste ter que afirmar, mas a paciência, a cada dia que passa,
vem se tornando uma riqueza em extinção, vem sendo encarada como algo novo entre nós,
quando, na verdade, ela deveria ser uma espécie de marca registrada do ser humano.

Se não chega a ser um sentimento, a paciência muito se aproxima de ser um dom.
Tudo bem, se não pode ser encarada com um dom nato, daqueles que vem desde criança,
a paciência é um dom que qualquer um de nós está propenso a alcançar,
é como se fosse um exercício, onde sensatez, tolerância e educação trabalham juntas.
Diante disso, o que explica essa epidemia de impaciência que parece não ter fim?
Será que é a dificuldade desse exercício, ou será que é o desconhecimento dele?

Está faltando, pra muita gente, levar Jesus a sério, está faltando, talvez, um empurrão.
Não um empurrão que gere violência, mas, um alerta capaz de balançar a ignorância.
Já não faz sentido apontar a correria do cotidiano como obstáculo para a paciência,
pois, o maior obstáculo, sem dúvida nenhuma, é você, é a sua distância de Deus.

Até quando a paciência, que é a grande incentivadora do diálogo, continuará em extinção?
Imagino que até a hora que descobrirmos o quanto somos prejudiciais sem ela.
Experimente, de hoje em diante, se sentir na obrigação
de ser sempre mais paciente do que as pessoas que te cercam.
E você começa a se posicionar assim, o seu vizinho também,
o seu colega de trabalho também, aquela pessoa que você nem conhece direito também.
Paciência, gente, paciência...

São Gonçalo - RJ.