de Maria Luiza Falcão para os sem-tudo
(16 de março de 2006 – em BH)
(selecionada entre as 20 finalistas no Festival de Poesia Falada de Varginha, MG, 2007)
 
 
Eles vivem à margem do saber.
Não conhecem,
não sabem,
por certo sequer imaginam.
Ali bem perto,
escritores da terra reunidos,
imortalizados em bronze,
posam para a posteridade.
Eles, deitados lado a lado,
em plena tarde,
se acomodam para dormir.
Um céu de letras os protege. 
Pensamentos, sentimentos,
palavras escritas através dos tempos,
faladas por mil bocas.
Eles, não conhecem.
Este chão de lutas recebe seus passos.
Descalços, errantes, incertos.
Eles, não sabem.
E a bandeira tremula ao longe.
Branca e rubra, sangue e paz.
Libertadora, de ontem para sempre.
Mas eles, por certo, sequer imaginam.
Assim, um grupo maltrapilho,
tão filhos desta terra quanto tantos outros,
adormecem sob a Biblioteca,
em plena praça da Liberdade.
E sonham...
talvez com ela.

falcão
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