Meu lânguido sorriso a pernoitar,
Dentro minh’alma malferida,
Tantos sentimentos assolados,
Insalubre o peito malogrado!
Desaterro o mais fundo de mim,
Em busca do meu eu perdido.
Em pranto seco ferido grito:
“-Quero me encontrar, porque
Sem mim não sou eu
Sem eu sou um ser sem mim.”
Rebento em martírio triste névoa
Fatigado, fracassado, farto,
Então, soluço, caio e morro!
 

(Heterônimo - Colibri Lunar)

O Colibri Lunar tem uma ótica malograda que vê a vida como se não houvesse vida, de fato. Ele percebe a tristeza como sentimento verdadeiro, pois certamente ela já foi sentida por todos, e que a felicidade é um estado inalcançável e desconhecido, utópico e irreal, ilusório desejado por todos. Marca com cinza fúnebre suas palavras e nos remete a penumbra de uma personalidade frívola e difusa em pensamentos perturbadores. Órfão de afeição escondeu-se na lua fria de onde suga o amargor dos seus próprios sentimentos torpes. Alheio a órbita da esperança, sempre satírico contra si mesmo, golpeando-se com palavras hostis. Ressalta-se, que o referido heterônimo não possui gênero definido, ora pode ser masculino ora feminino dependendo do seu estado de espírito.

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Colibri Lunar & Sophie Amadeus
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