É incrível como essas velhas folhas da esquina
têm a tendência a serem eternas,
através de algum olhar, de algum poeta, que as idealize,
como faço eu momentaneamente com minha exaustão.
Meu caso já não possui riqueza alguma,
sou o mesmo que uma miúda tira desse céu imenso,
sem razão, empilhando os olhares desdenhosos que me jogam.
É uma pena eu não ser artista e poder mudar este quadro.
Dar o fora desse azul rabiscado, estragado,
o azul desinteressante de minha vida.
Andei tanto e cheguei a um lugar onde já não se espera por mais nada.
É um lugar desesperador, apodrecido em solidões fecundas.
Insisto em dizer que não foi o amor que me trouxe aqui e sim a falta dele.
Estou sob uma ameaça impenitente de perigo,
é o que meus sonhos me avisam.
Tá tudo externo, muito aberto.
E o meu professor continua acreditando que explodir seja com “s” e que
plural e singular se misturam.
Reservarei o meu dia de hoje para ouvir Aznavour e lembrar-me
de um Menino, de um Querido, de um Príncipe Encantado,
que me encantou a vida num certo mês de abril.

12/04/05