Das palavras maldizentes
restou-se tão só o silêncio,
arrastamos as correntes
da alma, finda-se o erêncio...
 
Ficam sombras nos olhares
caminhos descompassados,
sufocantes são os ares
dos dizeres amassados...
 
Alquebram-se as palavras
nas distâncias percorridas,
já não existe mais lavras
a alicerçar nossas vidas...
 
São verdades invisíveis
que a alma triste acalenta,
migalhas indivisíveis
que o coração não agüenta...
 
Quando o espelho se quebra
reflete almas divididas,
na parede reverbera
as vozes das desditas...
 
Triste fado que hoje canta
lindas almas juvenis,
de outrora doce lembrança
em que hoje não mais condiz...
 
Dedilhando o silêncio
cala a musicalidade,
emerge o mostro nêncio
da alma minha sem beldade...
 
Nessa turba de emoções
fragmentam-se as vidas,
sangram-se os corações
em estradas divididas...
 
Sim, as lágrimas existem
ninguém quer que assim seja,
mas os modos persistem
separação; dor sobeja...
 
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Nivaldo Ferreira
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