Guarde os tostões
E o rascunho de um poema
Que não acabei
Deixado sobre o teu criado mudo
Naquela manhã de quarta-feira
Como prenúncio do meu adeus
Depois disso
Te aconselho mudar
a mobília do teu quarto
E a fotografia na moldura
Ao lado da cama
Guarde com carinho
Os discos do Caetano
Não precisarás mais deles
Mesmo quando sentir
as voltas com a tristeza
ou o efeito da saudade
Ou se alguma lembrança
Vier lhe incomodar na madrugada
Pense no carnaval do ano passado
Ou no próspero que irá chegar
Se assim mesmo persistirem
Como alaridos recorrentes
Lembre, com nostalgia
dos amores que teve antes do meu
Mas esqueça deste último
que escorreu pela palma da tua mão
Sem perceber
Do contrário...
Durma,
antes que o dia amanheça.

rogerio santos
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