“Contagiante indisposição”
Já não sei mais o que causa minha dor, estou cansado de acordar todos os dias receoso de perder as horas, o café não tem aquele gosto do feito por minha mãe.
Estou refém do repetitivo tic-tac, as cores antes cinzentas se tornaram incolores, a rotina tornou-se minha desgraça, algo que nunca alivia.
As caras não fitam minha cara, os sorrisos são de descontentamento, as brigas há tempos deixaram de ser glamorosas e o ponteiro do relógio continua mandando e valendo.
A minha família é artigo de luxo na prateleira da loja cara, apenas uma vez consigo certo tempo, estou indisposto e com ingratidão,não sei o que quero,sigo apenas naquela mão.
Tudo de fato é a mesmice que cerca a nação, nunca pedi uma vida controlada pelas horas, mas o que tenho é o que agradeço, o vírus contagia sem tempo nem hora, apenas distrai com seu contratempo.
O fôlego que tenho não é o de dias atrás, acho até um exagero,trôpego vão os anseios de minha jornada,a jangada que um dia falara,afundou,levando junto meu aconchego.
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