Eu só queria um amor que fosse meu,

um unico dia sem esse silêncio triste dentro de mim,

uma canção que falasse de infância,

uma lembrança madura com cheiro de terra molhada

e ninguem para chorar no dia dos mortos.

(todos nós temos alguem para chorar no dia dos mortos)

eu queria que minhas mãos só se levantassem para a poesia

(eu falhei, meu Deus, eu falhei)

por isso trovejam em mim ideias de abandonar-me, esquecer as flores

como alguem que se perdesse pelos comodos da propria casa,

mas a poesia, canção de resistência,

lança setembros ensolarados nos olhos da tempestade.

Até mesmo no abismo permaneço de pé

e a estrela que me deste arde em minhas mãos.

Sergio Leandro
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