Sentado numa cadeira de minha varanda, vi...
Um menino,
como um daqueles em que nos livros li,
pequenino...
Corria – pés descalços
Seus largos passos e, suas despreocupadas cantigas
Uma daquelas antigas...   
Prenderam meus sentidos na cena.
Ele saltava...
Sim! Assim como uma criança pequena.
Os braços abertos como se pretendesse voar.
Cantava em tom de gritos sem sequer imaginar
naquilo algum problema.
Ele parecia não entender nada sobre tempo
Talvez não planejou a hora de sair
ou nem soubesse o quanto ia ficar...
ele tinha tudo que queria naquele momento.
Era de manhã.
O sol mal aquecia, pouco podia brilhar
E toda criança que se preza aparece pra brincar
Mas foi justamente aquele menino... 
descalço e pequenino
que na hora vi passar.  
Vi muito mais do que um menino...
Mas era somente um menino tão ingênuo
puro, tão pequeno...
mal sabe ele do veneno que é esse mundo duro...
mas eu o vi.
Eu o vi correr descalço.
Talvez ele não quisesse seu calçado
Talvez não tivesse...
mas não corria calado
E não havia dor na sua cantiga.
Não havia fome na sua corrida.
Seu olhar, seu grito,
lá no infinito
Não parecia se preocupar em voltar...
chegar em casa, seu lar
seja lá como, onde for seu lugar de morar.
Seus braçinhos abertos não pareciam carentes
Esperando o abraço de sua mãe, longe...
Onde?  
Não consegui enxergar
Não naquele menino,
naquele momento.
Não sei se vi o que enxerguei.
Não sei se olhei
com meus olhos de todo dia.
Talvez seja do mundo mais uma anomalia.
Não sei se a "ciranda" ...
será que fiquei sentado por muito tempo em minha varanda? ...
 
 
 

 

Breno Malta
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