Beatriz, sai da janela!

 
Beatriz, sai na janela!
 
Beatriz, sai na janela!
 
Só um pouquinho!
Quero te mostrar uma coisa!
 
Está vendo minha mão direita? E a esquerda?
 
Meu peito, Beatriz?
Consegue vê-lo?
 
Meus cabelos aparados
do jeitinho que você gosta.
 
Também passei minhas camisas.
E estou usando meias novas.
 
Olhe para mim!
Veja como eu emagreci!
 
Até aprendi a admirar as estrelas.
 
Comecei a gostar de dançar,
estou até aprendendo alguns passos.
 
Vê, Beatriz?
Eu trouxe algumas flores,
colhidas de próprio punho
do jardim do seu Melivar.
 
 
Vai pensar! Pense!
 
Sem você, de penar morrerei!
Sem você, terei feito tudo à toa...
 
Mas eu não ligo!
Aprendi tanto contigo!
 
Engolir arrotos.
Cuspir no banheiro.
Até que o estrangeiro
é bom lugar para se viver.
 
Escrever?
Perdi essa mania,
pois você me disse que com isso,
eu nada conseguiria!
 
E tem mais!
Eu parei de beber!
E de fumar, e de madrugar,
de gargalhar,
de sonhar...
 
Pensando bem, Beatriz...
Saia da janela,
você pode pegar um resfriado, afinal,
agora quem não quer sou eu.
 
Vá com Deus, minha amante inamável!
 
Adeus!