Tento distarçar as dores que sinto, mostrando em sorrisos falsos
o vazio dentro de mim.
Tento disfarçar o meu olhar perdido no horizonte, da qual não se diferencia o sol que nasce, do sol que morre.
Tento disfarçar a voz que falha, para não mostrar as lágrimas derramadas na noite anterior.
Tento disfarçar a falta de atenção nas coisas que faço, fingindo que é algo difícil.
Tento disfarçar que tenho alegria em viver, quando meu coração é um abismo sem fim.
Tento disfarçar no trabalho, as mágoas recentes deixadas no peito.
E, quem sabe assim, esquecer, apenas esquecer.
Tento disfarçar o infortúnio, que me consome a cada minuto que passa, cantarolando canções de amor.
Existe fim pior que esse? Se nem as minhas melodias emocionam os ouvidos alheios.
Hoje acordei e o chão sumiu.
E hoje percebi que a minha vida é um disfarce.
Um espelho de ilusão, onde o meu reflexo é o fracasso.
Daí comprovo que tudo o que vivi, tudo o que eu quis e conquistei, foi um disfarce.
Um imenso disfarce...

Alguém ja se sentiu assim.
Hoje eu me senti assim.
Amanhã alguém vai se sentir assim.
É um ciclo infindo de ilusões e frustrações.
Que faz a vida ser plenamente imprevisível...

São Paulo, 24 de março de 2008.

Carlos Eduardo Fajardo
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