EL DOLOR MIO
 
          
O cão e o larápio.
A dor é como a mordedura do primeiro:
   sim, reverberando o estertor do seu lacerar o tempo inteiro.
No segundo, intermitente e furtiva,
   justamente porque de tempos em tempos
         faz ressoar a lembrança da têmpera da ferida.
Sem sombra de dúvidas, esta é a mais pungentemente corrosiva
   pois foge e não comunica sua vinda!
O cão e o gatuno.
Tempestade, monção e ciclone:
   daninhos todos tais fenômenos.
Sejam eles na forma da porrada da socapa da brisa...
Sejam eles o afago áspero da lhaneza ígnea...
Sejam eles a encarnação da faca cortante
  que é o amargor da decepção com a sua gente querida!
O cão e o ladrão.
Ouço o bramar do martelo da mordida
   penetrar fundo nos tímpanos do meu coração.
Eu sei ser você, dor minha,
   o vácuo a esgarçar balsamicamente minha alegria.
Eu sei ser você, dor minha,
   a senhora de cada instante, minuto, hora da minha vivência
                                 desinxabida. 
Eis você, dor minha,
   a bruma da solidão a me envolver masoquisticamente
   em sua teia gasosa de fluidos misantrópicos
   que deitam na dinâmica e erosiva vastidão etérea
                        de todos os enigmáticos dias.
Eis como é você, onipresente ausência diária.
Eis como é você, macabro e tenro tormento diário.
Eis como é a minha agonia, suponho, vitalícia.
Eis A DOR MINHA, tsunami de tristeza
   qual flui e reflui continuamente no esteio
  das infinitas galáxias de meu anonimato!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

jessé barbosa de oliveira(sé de oliveira)
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