O Antipoeta do Mundo

Ontem vislumbrei um poeta,
Perfazendo seu recital.
Sozinho declamando,
E de vez em quando,
Uma lágrima vinha,
Trazia consigo, sua poesia.
 
Na gota que caía,
Sede de justiça, humanidade,
E o gosto amargo do mundo.
 
Naquele instante,
Lembrava-se de tudo,
Do mendigo vagabundo,
Nas ruas do absurdo
Da selva de concreto,
Sujo imundo, e por todos
Desprezado.
 
Lembrava-se da criança,
De colo, nas calçadas, sem leite,
Na inocência corrompida,
Dos adolescentes sem rumo,
Das drogas que seqüestram vidas.
 
Lembrava-se do político corrupto,
Donde no âmago frio de seu ser,
Reside o antipoeta do mundo,
Que suprime do mendigo,
O desejo de viver,
Retira da criança seu sorriso,
Aniquila toda a poesia,
E faz o poeta chorar.

Rodrigo Cézar Limeira
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