Os pêndulos e os navios

Os pêndulos e os navios

 Em certos aspectos todas as coisas são Unas
Se olharmos com o olhar certo
Com a vista aguda de uma janela elevada
À quintessencia dos pêndulos.

É permitido sonhar com coisas vãs
Platônicas, edipianas, traves abertas
E primitivas, delirantes em suas formas:
É permitido que as mobílias flutuem

Nesta imensa casa que somos nós todos
E que o ébano se misture com a laca,
Que o estanho se congregue a prata
E que os enganos não passem de
Mergulhos, aduelas, paralelos
Deixados para trás entre as águas.

Em certos aspectos todas as sensações são cruas
Delírios, negras paredes onde lívidos
Corpos se tornam mágicos e vastos.

Em certos momentos, somos navios
Acima da espuma e em queda
Para o profundo mar onde numerosas
Ondas, liquidas luas, emprumadas jóias
Estão à nossa espera numa eterna vazante.

Sobre a fragilidades das coias e da vida humana. E o abismo das emoções...
Mauro P. da Silva
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