Os sonhos de hoje
não podem esperar
os de hoje são urgentes
os de hoje doem
sangram
mandam recados mal educados
batem à porta com força
os sonhos de hoje
dilaceram a carne
gritam no escuro
esperam quientinhos 
o próximo segundo
e voltam a rosnar no ouvido
e voltam a pedir famintos
os sonhos de hoje
são como cães doentes
choram a noite toda
ligam de madrugada
atacam a geladeira
tomam ecstase
os sonhos de hoje 
são como putas
balançam-se sem parar
os sonhos de hoje
azucrinam hoje
com inquietude verdadeira
mas se não forem postos pra fora
azucrinam a vida inteira

a primeira dos trinta

avalon

meiriane saldanha
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