Somos todos irmãos,
Lembro dessas palavras,
Foi Deus quem disse.
Mas ao folhear
Meu informativo diário,
Só o que vejo
É que família realmente não se escolhe.
Os sábios de nossos tempos
Não aprenderam nada
Ou talvez tenham
Aprendido demais
Com antigos pensadores.
Representantes do povo,
Assim são chamados e
Assim os nomeamos
Naqueles tórridos domingos
Democraticamente impostos.
Trajados com túnicas engravatadas
Proclamam a nós,
Seu estúpido rebanho.
E como fiéis
Catadores de lixos verbais
Ovacionamos seu descaso.
Nossa fome
Não é a deles,
Nossa falta de conhecimento,
Não é a deles,
Nossa doença
Não é a deles.
Mas compartilhamos algo,
Nosso dolorido ganho.
Irmãos egoístas
É isso o que encontro.
Seus bolsos são recheados
Depois de longas
Duas ou três horas
De dramáticos discursos.
Nossos bolsos são rasgados
Cada vez mais fundo
E quando podemos sorrir
Por mais um misericordioso trocado,
Eles dançam em mais um trono.
Será que alguém ainda acredita
Que nossa alegria
É fruto da boa vontade congressista?