Filho bastardo de um mundo inglório entre o siso e o guizo eu vivo
Fantasmas antigos, anjos caídos, demônios intrínsecos em eterno conflito
A vida vivida pode ser prazerosa, rica, confortável, pode ser tudo, menos viva!
O sentimento da carne é uníssono, reduz a essência em matéria telúrica
Pode ser que dormi num sonho real, ou que acordei numa realidade onírica
Disfarço a própria degeneração com muita inspiração lírica
Aspirações narcóticas, raciocínio límbico transforma o santo em cínico!
Corpos quentes e vazios rodeiam o cavaleiro, com sua espada flamejante
O vazio vem cobrar o karma da noite, em que a lua negra ofusca as estrelas
Olhos profundos, ora vermelhos, há horas famintos, olham a dentro de si mesmo
Vistas cansadas, vista-se cansado, agora ora ao esquecido vir salvar sua alma a esmo
Ecoam pela voz do sangue a fé e a tradição, e as cascas do outro lado sussurram por atenção
Igualdade me convida para um brinde na taberna, liberdade me seduz a orgias dionisíacas, fraternidade me instiga a não contar isso a ninguém
Não me importo com isso, minha missão em meio às ruínas está para além do mal e do bem!
O que fiz, o que senti, o que vivi, responda-me, qual foi o meu legado?
O que aprendi, deixei de aprender, ensinei, e as inúmeras pérolas aos porcos!
Métrica concreta, mente clássica, vida romântica, reflexões barrocas
Epitáfio escrito nas areias da praia é consequência dos meus rastros
A pureza espontânea e cordial entoa uma canção de ninar para Lúcifer
Alquimia transforma Homo plumbus, pesado em ouro, em outro!
A transmutação dos pedaços da vida dissolve verdades e coagula novos cosmos!
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