Pelo dinheiro gasto em compras necessárias,
Pelo dinheiro que se demora a receber e se é rápido a gastar,
Pelo consumo da alimentação, da energia, da água, do fogão.

Pelos impostos indecentes, imorais,
Pelos escândalos de roubo, de corrupção
onde a maioria morre de fome e dorme na rua,
onde o desemprego destrói vidas.

Pelo dinheiro gasto na internet, conta do celular,
na compra do celular, do computador e seus acessórios.
Pelo dinheiro gasto com o flanelinha, com a zona azul.

Pelo dinheiro gasto com roupas, calçados, anuidades profissionais
e de todos os tipos. Pelo dinheiro do estacionamento, do sorvete, do cinema, do brinquedo da criança.

Pelo dinheiro da gasolina, pelo preço do dólar,
pela alta da inflação, pelo pagamento de profissionais, serviços e produtos dos mais variados.

Pelo dinheiro na mão de poucos e a miséria na mão de muitos,
Pelas terras na mão de poucos e desprezo na mão de muitos.
Pela educação, saúde, saneamento básico, justiça, segurança, afeto, estima e consideração  para poucos, pelo dinheiro.

Pela meritocracia corrompida, pelo "quem indique"
Pelas trocas de favores, pelas amizades interesseiras, subordinadas, pelo jogo do poder,
pelo jogo das forças que esmaga continuamente o mais fraco.

Pela nossa indiferença do dia-a-dia.
Pelo dinheiro gasto com bobagens.
Pelo dinheiro não gasto com caridade.
Pelo dinheiro que não temos e que podemos não vir a ter.

Pelas guerras, pela beleza vendida, pelo prazer vendido, pela disputa de morte, acirrada,
diária, atrás do dinheiro, da sobrevivência.

Pelo trabalho alienado, sem gosto, deselegante, com sentido restrito, sem potencial,
pela necessidade arbitrária.

Pelos que morrem pela falta de dinheiro. São muitos. Poderia ser evitado.
Pelas doenças físicas e mentais, pela depedência forçada, pela violência doméstica,
pela gana do cargo em concurso público, apenas pelo dinheiro, pela sobrevivência, sem a vontade de ajudar pessoas, o mundo.

Por tudo que o dinheiro oferece, por toda a exploração manifesta e velada,
Por toda cruel escravidão de todos os tempos, velada,
Por toda nossa indiferença, maldade, omissão, ignorância, egoísmo e orgulho,
Pela nossa permanência voluntária na inconsciência.

Pela enorme falta de caridade, empatia, possibilidade de ajuda efetiva, material e moral.
Pelo desejo do dinheiro a todo custo, pela nossa perda da saúde e preocupação incessante,
Pela nossa violência, pela nossa covardia irresistível, pela falta de interesse, pela falta de vontade,
nos vendemos, de forma velada, por toda a vida, sem reflexão, sem insurreição.

Pelo dinheiro que mata a todos nós,
que sustenta um sistema hipócrita
que tem como causa e efeito a desigualdade.

Pelas mansões de luxo, pelas crianças na rua,
Pelos hospitais particulares, pelo SUS,
pelas faculdade particulares, pelas públicas,
pelos ônibus, pelos jatinhos, lanchas,
Pelas ferraris, pelos carros quebrados dos trabalhadores desempregados, pela alta da gasolina
Pela dor do próximo que só nos toca quando é com alguém de nossa família ou acontece conosco.

Pela falta de respeito
Pelo preconceito
Pelos abusos de todos os tipos,
pelo não perdão.

Pelos exageros, pelas faltas,
pelas indecências, pelas conveniências, causas das contradições e sofrimentos humanos.
Pelo tempo perdido, pela falta de união.

Pela hipocrisia escancarada, pela velada.
Pelo preço de tudo, pelo nosso preço.
Quem tem mais? Quem tem menos?
Viva a meritocracia distorcida, pela falta de oportunidades, pelas desigualdades de oportunidades desde o berço.

Pela inveja notória ou subliminar, 
pelo medo da perda do dinheiro,
pela nossa extrema pobreza moral, consciêncial, individual e coletiva,
pela nossa preguiça, pela nossa pouca disposição.

Por nós, somente para nós e para os nossos.
Pela vida, pela morte em vida, pela morte.
Pelo dinheiro,
Pelo dinheiro, 
Pelo dinheiro,
O que fazer? 
Tudo pelo dinheiro!

Diego de Andrade
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