Raízes... ruídos... sons dissonantes...
O corpo curvado no caminhar lento se arrasta; segue...
Onde irá esses pés calejados; essas mãos com artroses,
Esses olhos já embaçados pelo tempo, lacrimejantes,
Coração ferido, cicatrizes ainda abertas em sangue.

Onde errei, onde meu mundo ruiu, posso ter mágoas?
O espirito em mim sagrado diz que o rancor é veneno,
A dor que habita nesse ser pequenino afoga-se nas lagoas
Do pranto contido, das lágrimas engolidas sem sano.

Na parede descascada o relógio parou ao meio-dia...
Lembranças de dias idílicos se apagam, morrem...
O cansaço vence a dor, o corpo fenece esfria,
Não há vontade de lutar, as esperanças se perdem...
Seguem no córrego que desagua no mar frio.

Deixo o lamento de quem lutou e perdeu...
De quem morreu antes de perder a vida.
Assino a dor de quem nunca foi entendida.
Deixo paz a quem fica, não quero despedida,
Vou só... no regato que deslembrou o caminho do mar.

Luly Diniz.
13/08/2021.

Luly Diniz
© Todos os direitos reservados