Não fosse o som da cigarra na gameleira,
Entoando a melodia da fúnebre crueza,
Seria dia de mormaço na capoeira,
E um silêncio impar, na cidade da tristeza.
E era meio dia, quando eu vagava vazio,
Entre os nomes e datas nas lápides,
Pensativo em mim, moribundo e frio,
A aspirar sob os mármores as calátides.
O homem merece a gélida sepultura,
Nas madeiras secas, ter seu cruzeiro,
E na terra vermelha, vermes e amargura.
Céu ou inferno, qual me valerá primeiro?
Livra-me Deus, da negra desventura,
E na paz do silêncio, eu seja teu herdeiro.
Eber Fonseca
© Todos os direitos reservados
© Todos os direitos reservados