Ela dançava, ela sorria,
ela esbanjava sua alegria.
Ela nascia, ela morria
e renascia co’a flor do dia.
Ela vertente, ela nascente,
leito e percurso da poesia.
Corria mundos… Não poderia
não fosse o dom da inspiração.
Varava sóis, cobria luas
nas fases frias de noites nuas.
Ela esboçava e coloria
os muros cegos de seus quintais…
Trancava dores, calava ais,
abria frestas para os amores.
Juntava cacos da euforia
e enfeitava os festivais.
Vagava versos em sintonia
com o trem das cores
nas estações.
Ela fazia e acontecia
sem demarcar as emoções.
Ela nascia, ela morria…
Hoje ela jaz.
Não nasce mais.
Carmen Lúcia
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