Outra vez em minha existência tristonha,
se tu viesses, qual no mar a calmaria,
meu coração teria a paz que não respira
e que somente em tua voz pode encontrar.
Sem ti o mundo é um deserto onde a tristeza
vai apagando cada luz que olhar contempla;
sem ti o riso é interdito, inexistente...
e pouco a pouco, tudo morre ao meu redor!
Repoisa em mim de teu encanto esta magia,
a tua imagem mais brilhante que estes astros;
de teu sorriso o fogo que incendeia o peito,
a tua fala como um canto de saudade.
Se estas riquezas que um dia tive tão perto
- eu, que minh`alma vesti com as torvas misérias -
Ah! Outra vez em mim lançasse seus rebentos,
como um vergel cheio de flores eu seria.
Talvez voltasse desses sonhos toda a essência!
E a primavera agora morta ressurgisse!
E a fria noite abrasada de carinho
de novo fosse, porque já não pode ser!
Se tu viesses outra vez... Oh! jovem loura
inopinada, como fora em minha vida,
quanta ventura banharia as minhas quadras,
e nenhum mal os meus sonhos enlutaria!
E, quem sabe este porvir para mim nefasto
em seu fulgor trouxesse as glórias que esqueci?
Quem sabe em mim a fantasia ressurgisse
de viver só para te amar neste existir?
Já não contemplarei do mar as belas ondas,
que o luar prateia e a tarde faz doiradas.
Não mais eu vou cerrar os ares exultantes,
brincar com a ventania nos fagueiros vales!
Porque são lençois de agruras tão pungentes
estas gotas que se agitam em minha face;
e o vazio que há em mim segou toda coragem
de prosseguir sonhando e cultivando sonhos!
Não me exiles de teu primor - ser precioso -
não permitas que nas sombras do passamento
minha morada eu levante já sem enlevo...
eu te amo, minha criança, não sabes o quanto!
As aves volvem quando a natura renasce,
a lua volve quando expira a áurea tarde;
té a alegria, de repente, volve altiva...
só neste mundo o que não volvem são os anos!
Se tu viesses, nunca mais permitiria
que a desventura em minha sina vicejasse!
P`ra ti seria o mais leai e pressuroso,
tão mais que qualquer um te fora - minha fada!
Sou como o nauta que isolado no oceano,
friasando as vistas olha o horizonte além.
Por longas horas pensativo e esperançoso
de avistar sua terra prístina outra vez!
ALEXANDRE CAMPANHOLA - 26/01/2008
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