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Ialmar Pio

Ialmar Pio

Obrigado, amigo !

Caro poeta eu particularmente sou um fã incondicional dos sonetos. O soneto é a único formato de poesia que nos possibilita contar uma história em versos rimados ou soltos que tenha começo, meio e fim. Já fazia muito tempo que não lia um soneto tão bem construído, bem elaborado, rico no vocabulário e nas rimas, perfeito. Meus sinceros aplausos.

J.A.Botacini.
Zezinho.

Meu querido Amigo.
A menos de um milagre na próxima segunda-feira, 3 (ou mesmo na véspera), o seu Mário de
Sá-Carneiro tomará uma forte dose de estricnina e desaparecerá deste mundo. É assim tal e
qual – mas custa-me tanto a escrever esta carta pelo ridículo que sempre encontrei nas «cartas
de despedida»... Não vale a pena lastimar-me, meu querido Fernando: afinal tenho o que quero:
o que tanto sempre quis – e eu, em verdade, já não fazia nada por aqui... Já dera o que tinha
a dar. Eu não me mato por coisa nenhuma: eu mato-me porque me coloquei pelas circunstâncias –
ou melhor: fui colocado por elas, numa áurea temeridade – numa situação para a qual, a
meus olhos, não há outra saída. Antes assim. É a única maneira de fazer o que devo fazer. Vivo
há quinze dias uma vida como sempre sonhei: tive tudo durante eles: realizada a parte
sexual, enfim, da minha obra – vivido o histerismo do seu ópio, as luas zebradas, os
mosqueiros roxos da sua Ilusão. Podia ser feliz mais tempo, tudo me corre, psicologicamente,
às mil maravilhas, mas não tenho dinheiro. [...]

Mário de Sá-Carneiro, carta para Fernando Pessoa, 31 de Março de 1916.