Se eu morresse amanhã

Se eu morresse amanhã

Se eu morresse amanhã, meus sonhos buscaria,   
que morreram antes de mim num triste afã.       
Ó terra, em teu seio meu corpo dormiria,    
repousando as asas da minha fantasia.         
Se eu partisse amanhã.                                    
 
Eu só queria algumas lágrimas sentidas,            
e a saudade de um fruto da terra malsã.             
Ao menos teria algumas flores trazidas,            
a velar minhas frias pálpebras dormidas.          
Se eu fechasse amanhã.                    

E os meus sonhos que se transformaram em dores,
instruindo a noite ser uma cruel vilã.
Na solidão me acompanhavam os temores,
mas todos murchariam com as flores, 
se eu cortasse amanhã.
 
As terríveis lições, de amor ou de agonia,        
que me causaram imensa febre terçã.               
Se eu não aprendi, jamais aprenderia,                  
e minha pobre alma, imatura choraria, 
se eu morresse amanhã.