pai e mãe do mato

Quantas saudades que tenho
do roçado,
da roça
do arado
do cheiro da bosta do gado


no curral
o cocho
o sal

do laço de couro puro
da fivela
e argolas
ao bridão

a cia
o arreio
no meio
as espuma na boca do animal
o freio.

o alforje
a capanga
o boia canga
a cangalha

o canto da cigarra
o cigarro de palha
a espora
o lombo do animal
no suor, a mancha do sal


minha poesia
se fazia
na tarde que caia

do sol que escorria
pelo horizonte
bem detrás daquele monte

a noite o bolo
o mingau
a pamonha, sensacional.
a madrugada
a radio nacional

a música que acordava antes do dia nascer
eu, eu e você
o cheiro do café
o peão já de pé
não demora
torrado e moído na hora

ah!! vida boa de outrora
de outras épocas
antes voltasse aqui dentro
e mudasse,
mudasse o sentimento

ah tempo bom que não volta mais
tempo de meus pais

ah peito que dói
como dói
vida pura que eu a fiz
e fui
fui, e como fui,
feliz no dia- dia
e nem sabia.

JÂNIO MOREIRA
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