Como vai você? Eu preciso saber da sua vida... A minha vida está com você, devolve?

Tem cuidado bem dela? Ou a deixou na cozinha, com as panelas empilhadas e sujas?
Esse cabelo negro igual ao meu futuro me traz o passado presente, agora, de novo...
Beija-me, leva-me pra assistir a um filme do Almodóvar, faz-me mulher, mais uma vez...
Um suspiro vem rondar meu sono, de leve no ouvido. Eu sinto medo e prazer, vontade e rancor, desprezo e furor!
Do cálice da insensatez eu nunca mais provei. Venha provar minha mudança, use meu sexo como aliança, enche-me a boca de esperança, minha criança adormecida.
As ruas escuras guardam conflitos, sussurros aflitos na noite que não termina, apenas esmorece, adoece diante do dia.
Os desenhos têm cores inacreditáveis quando eu olho de perto! Eu te tento, eu te acalento, eu me envergonho, eu me disponho a te entender.
O amor não cala, ele apenas emudece por algum tempo. Gritos repentinos vêm acontecido, mas eu não ligo. Omitir a verdade de mim é injusto, quem dirá de você?
À meia luz, lendo coisas inexplicáveis, procuro a solução pra isso tudo.
Algumas coisas acontecem de propósito, só pra Deus rir! Vamos rir todos de nossos infortúnios e comemorar o fracasso de nossas almas impuras e gélidas, que acham que sabem onde estão.
Eu assumo estar perdida, sem ter um teto pra descansar esse espírito morto, desde que você sumiu daqui.
Pra quê ir embora, sem deixar nem um recado com aquele meu batom velho? O espelho do coração estava embaçado, só esperando você passar os dedos em seu colo úmido e escrever um “te amo” molhado.
A cada dia em que vejo meu corpo desenhado por suas mãos ágeis e frágeis, um pouco de tudo revive. Quando usávamos preto e depois branco, quando fomos ver a tarja! Ah, claro, o dia da lasanha e do Chandom, o primeiro de muitos, mas poucos! Aquela calça de moletom que tinha mais de mim do que de você, o sofá duro mas cheio de esperanças...
Outro dia sonhei estranhamente com aquele cão. Ele trazia na boca esperta o cachimbo e cantarolava “After Forever”.... Depois do eterno, existe algum caminho? Creio que não, assim o eterno acabaria e não seria eterno, seria finito...
Assim como foi você e eu, as flores que você me deu, o mago que desapareceu!
As declarações que ficaram não ditas, insuficientes pra tanto sentimento! E nessa carência de palavras, nessa ineficiência e ineficácia onírica em que vivo, apenas TE AMO basta!

Devaneios de amor... Quem nunca os teve?

São Paulo

Renata C M Lemos
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