Oh! Insensato!


-I
Eu, que escondi da vida
As coisas do passado,
Passei dias, meses e anos,
A guardar em mim a verdade!
Eu, o insensato, que pensei,
Recolher em mim a mocidade
Que se esvaía como areia
Por entre as minhas mãos
Eu, o insensato que escrevi
As coisas sagradas no coração
E que escondi da posteridade
O mundo da ilusão
E o sonho do que
Era bom e mau!


-II
Eu, que julguei que era tudo
E era absolutamente nada,
Perdi a beleza da vida
Sem paz, sem coerência,
Sabedoria ou envolvência.
Vida apenas perdida e esquecida,
Canhota, menosprezada e ferida,
Onde o sonho se perdeu
E encapotado se escondeu
E me transformou
Naquilo que agora sou
Afogado neste cansaço
Perdido no tempo e no espaço
Velho e atormentado!!

Ezequiel Francisco
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