Esperança alviverde

 
Era uma vez uma terra chamada Brasil
Conhecido erroneamente como terra do futebol e do carnaval
Exatamente aí é o espelho de todo o mal que lhe trouxe Cabral
Com seu genocídio eurocêntrico, falso descobrimento, um indevido começo
De um país, de uma suposta nação
Que em 500 anos esse mal não pôde erradicar
Originando um país marcado pela impunidade e corrupção
O ideal seria destruir tudo e recomeçar?


A partir de um erro, chegaram às índias erradas
Terra à vista e também mulheres índias peladas
Os nativos receberam o estrangeiro em sua terra estrangeira
A qual mais tarde foi explorada e virou vaca leiteira
De uma colônia, uma igreja, um rei, que julgou os nativos com a cruz e a espada
Pobre índio inocente que, por ser diferente e por  portar a liberdade
Por ser dono da natureza e do ouro, de seu sangue a terra foi banhada
O preço pela fartura é contemplar seu paraíso sendo arrasado com ganância e brutalidade
 
Mais tarde foram trazidos os negros africanos para aqui trabalhar
Pelos mesmos genocidas invasores que ousaram perturbar os pobres nativos
Escravidão, tortura e sofrimento sempre pelos mesmos motivos
Tudo isso lamentavelmente é sintetizado no verbo colonizar
Humanos sendo objetos dos desumanos, destruidores de crenças, de povos, de lares
O explorador com a cruz e a espada sempre justificando o sangue e o suor do explorado
A peste atravessou o mar, os limites, as fronteiras e contaminou os novos ares
 
Ao passar de séculos, nosso sofrido povo pela coroa aprisionado
Uma vaca de leite esgotada querendo voltar ao verde campo, se libertar
Voar com suas próprias asas, andar com seus próprios pés conforme o caminho almejado
Logo esse povo heróico pelo o que alto sonhava, bravamente foi a guerrear
O sonho da liberdade, de se livrar da coroa enferrujada, da opressão
Independência ou morte gritava incansavelmente toda a nação
Enfim, o sonho foi concretizado
Mas essa não foi a solução, pois toda a história já havia começado errado
 
Depois de muitos séculos os mesmos problemas ainda persistiram
As ruas de sangue alviverde e vermelho foram tingidas
Os diferentes ismos e ideologias fronteiras na sociedade construíram
Causando desordem e regresso, violência e tortura calando milhares de vidas
Anos de chumbo, repressão, democracia; esquerda, direita; revolução, reação
Heróis ou terroristas lutavam pelo bem da liberdade de expressão
Vitória sobre o estado opressor, participação política, total engajamento
Com a liberdade ganha, diretas já, todo esse engajamento caiu no esquecimento
 
A liberdade por acaso o homem acomoda?
Pois após uma conquista desta, o povo foi conquistado
Pela mídia, televisão, alienação, manipulação e moda
Aquele povo que lutava contra o governo, por ele foi domesticado
Escravos do mau uso da própria liberdade, que se tornou uma prisão
Para os pensamentos, para a mente, as ações, os costumes e para o não
Novo cabresto sendo fixado no velho jumento
Manipulação ideológica, falta de leitura, de conhecimento
 
Está na hora de o brasileiro abrir seu olho que foi vendado
Usar a voz para se expressar e a mente para pensar e agir
Usando o presente para apagar as manchas escuras do passado
Para que a pátria e seus filhos não sofram mais com sua história
A fim de se chegar a um futuro de riqueza e glória
Ao início da História não podemos voltar, porém o fim dela somente nós podemos mudar

Manoel Flávio Kanisky
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