I

Longas horas que me assombram,
Dia após dia nesse cotidiano comum,
Em que as coisas parecem não ter
Mais sentidos de como as coisas são.

Pego um pouco de tudo:
Uma lembrança escondida;
Uma saudade presente;
Uma lágrima que insiste cair...

Pego um pouco da solidão
Que muitos não suportariam;
Uma tristeza que não é pra qualquer um
Nesses momentos mórbidos e contínuos...

                         II

Longas horas que assolam
Um pensamento ainda por existir,
Tão fútil que não consigo imaginá-lo,
Nem tampouco enxergá-lo no consciente.

Pego um pouco do fel do teu amor,
Adiciono uma quantidade do meu,
Quem poderá bebê-lo?
Ai dos que não resistem ao desprezo...

                         III

Longas horas contínuas
Desse tempo assustador,
Dos homens que não olham pelo próximo,
Nem pra si mesmo nesses dias...

Pego um pouco de fel desses dias,
Onde os homens se corrompem...
Um pouco das dores
Onde os homens se matam...
 

Jairoberto Costa
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