Em tua carne há muita história
Cada açoite uma aventura
Cada chibatada um direito
Pelo simples fato de nascer negro sofres
Tua mão calejada trabalha pra um branco
Que se assemelhas a um deus sem piedade
Embrulhas-te na humildade e és tratando como um animal
Não um animal de madame, não tens direito a carne, somente a osso
Enquanto apanhas pensas na carta de alforria
 Quem sabe um dia o sinhozinho lhe dê uma sobrevida
Quem sabe um dia lhe aponte uma saída
De arrancar à pele que lhe reveste os músculos
E lhe causa sofrimento
Tens os dentes bons, mas os olhos frágeis
Talvez o Pai em sua máxima sabedoria já nos alertava o que iria de vir
Talvez o Pai seja negro pra mostrar pra muitos, que a cor da pele não é mais importante que a luz da alma!