O que me resta

 
 
 
De tudo que mais amei
restaram-me o poema
e a saudade infinita de você.
 Resquícios de flores sem cores,
 um beija-flor que não as deixa morrer.
 
Abro a janela...
 O tom descorado das flores
 sem o viço amarelo de outrora
quer  refletir o sol.
 Num esforço supremo anseia
trazer-me o arrebol.
 
Meu olhar perdido no tempo
 embroma-se com o vento.
  Reflete detalhes traçados,
   recados de você para mim,
sopro de brisa que teve fim...
-antes da consumação dos sonhos-
 
 
Tenho por consolo, a poesia,
 o amor revivido em versos,
o desejo irrealizado, a vida e o reverso,
 sombras de flores em preto e branco
que choram lágrimas de meu pranto.
 
_Carmen Lúcia_