Uma vida só é muito pouco
Para tentar corrigir os meus erros,
Para colorir dias nublados,
Para recordar momentos
Que eu esqueci e se perderam no tempo.
 
Uma vida só é muito pouco
Para que eu consiga cicatrizar
 As feridas que abri nas pessoas
E que erroneamente aprendi
Que bastava pedir perdão a um deus.
 
Uma vida só é muito pouco
Para conhecer os lugares  que desejei,
Aprender as músicas  que ouvi e gostei,
Para cantar todas as músicas que aprendi,
Chorar e sorrir todas as emoções que vivi.
 
 
 Uma vida só é muito pouco
Para que eu possa fazer todas as visitas que não fiz,
Abraçar e beijar as pessoas que amei
E expulsar a tristeza que permiti
Que fizesse morada dentro de mim.
 
 
Uma vida só é muito pouco
Para que eu esqueça as injustiças
E as falsidades que me fizeram sofrer
E chorar as lágrimas mais amargas
Que derramei...
 
Uma vida só e muito pouco
Para que eu abrace o perdão
Como algo nobre e verdadeiro
Para  minha alma renascer no mesmo corpo
Em um outro estágio.
 
Uma vida só é muito pouco
Para fazer adormecer as mágoas e ressentimentos
Que ainda fazem morada  em meu peito,
Para que eu consiga suplantar todo desencanto
Dos  meus projetos de vida destruídos ou não realizados.
 
 Uma vida só é muito pouco,
Para que eu consiga juntar meus pedaços
Dispersos em qualquer lugar,
Soltos  no espaço, manchados pela dor,
Inconclusos, gemas não lapidadas.
 
 
Uma vida só é muito pouco...
Não posso  ficar assim, incompleta, mutilada,
Preciso voltar e continuar minha tela
Pobre tela, minha vida, minha tela
Uma aquarela inacabada...

 
 

Nair Damasceno
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