Firmamento.
E deitado sobre o feno, como o relento sobre a face tua, corro pelos devaneios dos meus próprios pensamentos em uma realidade quase nua.
Dilacerando meu próprio ímpeto, transporto-me em melancólica para perto do brilho dos teus olhos sem fim.
 A lua e o sol, parafraseando nosso dilema dantesco, brilham numa desconformada harmonia maculada por atração e repulsa.
 Nesta repulsa deliciosa, embebedo-me na dicotomia entre pensar e sentir, na ânsia de ser acalentado pela cólera da fuga de mim mesmo.
 E observando o horizonte realizo que lua e sol, sendo notas de uma mesma sinfonia, não dividem o firmamento, onde sozinhos imperam noite e dia.
 Entrego-me então à desilusão, e em conformismo, repilo meu coração ao aceitar que o brilho dos nossos olhos fitados cegariam nossos próprios caminhos e destino.
 Abstento da emoção, então, recolho-me em crepúsculo, aguardando a divina oportunidade de ver-te, soberana, desabrochar em aurora.
 
João Vítor Stussi