O poeta atrapalhado

São os seus ouvidos
Novamente entupidos
De tanda besteira que ouve
Me diz: Como tudo coube?

Mais uma vez coração
Aceleradamente dilacerou
Ao emprestar seu receptor
Para um insípido locutor

Tenha graça, não faça graça
Ame em ânimo o próximo
Mas isso tem que ser na raça
Se deslocar até o último trópico

Pena, faz disso sua carreira
Ainda tem areia em sua peneira
Até tampou o sol magistrado
Uma luz nesse coração machucado

Peço arrobas de esmera paciência
Ou eu espero, ou logo ataco
Sou eu, um poeta atrapalhado
Tentando achar minhas reticências... 

Fernando Sergio
© Todos os direitos reservados