A MORTE BATE À PORTA

 

Ei, não pense que me desprezando,
Deixarei de existir em tua vida,
Não tens como apagar o que ainda existe
De tão vivo e eficaz nos teus pensamentos...

Já estive no teu passado,
Ainda me encontro no teu presente;
Ainda povôo os teus mais curtos sonhos,
Quando acordares na realidade do amanhã,
Lá estarei te esperando no teu futuro,
Como uma ferida não cicatrizada...

Respire, sinta a vida continuar!
Abrace o meu corpo bem apertado,
Segura de que ainda sou parte de ti_
Também quero viver por mais tempo...

Venha me beijar,
Acariciar o meu rosto;
Venha me beijar,
Até eu ficar sem fôlego;
Venha me beijar,
Assim estaremos em um só corpo;
Venha me beijar,
Nessa dança entre túmulos;
Venha me beijar,
Para que assim a morte nos deixe!

Quem nos viu pecando
Nos braços um do outro?
Quem nunca teve
Os pensamentos interrompidos
Quando as suas lágrimas
Foram flagradas molhando o rosto?

Ei, não pense que tudo foi em vão!
Poderia ter sido tudo um sonho?

Ei, não pense qu’eu partindo,
Haverá um fim nisso tudo,
As tuas noites em claro
Trar-me-ão de volta para perto de ti.

AQUELE que soprou o hálito,
Sem que nós O percebêssemos,
Nos protege do mal
Que às vezes nós mesmos
Causamo-nos por ignorância,
Por sermos estúpidos demais.

Venha me beijar,
Essa noite a solidão toma o lugar de alguém!
 

Jairoberto Costa
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