A VIRTUDE DE UM VERDADEIRO AMOR

 


Foi no dia 03 de outubro de 2013 que meus olhos se abriram para a mais profunda solidão e vazio. Li uma vez que não há nada mais forte que o amor e a morte. Isso é fato.
Quando ela entrou na minha vida eu nem sabia nada da vida do mundo, ela me amou e me envolveu em seus braços ternos e calorosos. Ali sobre aquele aconchego passei longos anos da minha vida. Logo que aprendi a andar ia e vinha mais mesmo assim não dispensava aquele aconchego que só seus braços tinham.
O primeiro dia de aula e o medo de perdê-la para sempre me deixou em pânico, ter que me despedir dela todas as manhãs era morrer aos poucos a cada dia, até que não tinha como lutar e “acostumar”.
A vida ia passando e a cada nova etapa e desafio, lá ela estava a me aconselhar e encorajar. Nas  frias madrugadas e filas de hospitais para conseguir botas ortopédicas e aparelhos para minhas pernas, comigo ela estava, quando fiquei presa no metro por ter corrido em sua frente, aquela porta de vidro era como o abismo entre ela e eu, por um instante que todos os meus órgão tinham parado naquele momento, mais ao revê-la chegando para me abraçar pude me deitar novamente naqueles braços calorosos e aconchegante,  lá  eu me sentia segura, lá eu tinha a minha proteção.
A vida é seguida de mudanças e fatos que são inevitáveis. E não importa o quanto você tenha sido roubado e injustiçado a vida segue e você tem que seguir e passar para sua descendência só o que é bom, pois a justiça a Deus pertence.
E assim foi em cada fase, quando na adolescência, as mudanças no corpo na alma e em nossa família, a nossa única opção era, seguir e entregar para Deus pois a justiça viria Dele. Desafios são vitalícios e passam de geração a geração, não importa quantos você já tenha vencido, seus filhos, netos, bisnetos...,  também terão os deles.
Ela era um símbolo de fé paciência, bondade, generosidade e amor. Sempre se doando ao extremo ao próximo mesmo em cima de uma cama, era seu prazer receber as pessoas em sua casa.
Mas chega uma hora que os braços não correspondem mais e proteger é quase impossível, por isso em todo tempo ela era sábia o bastante para saber que como um dos fatos da vida esse tempo chegaria e  como sempre cuidadosa como sempre ela não poderia de deixar de ensinar o segredo que a manteve em pé e firme até o momento. Ela ensinou a ter fé em Deus pois dele vem tudo e para Ele tudo volta.
E mesmo no auge da sua impotência, das dores ela não abandonou seu posto, por amor  a seus filhos ela esteve lá suportando todos os tipos de dores por amor aos seus. Uma verdadeira mãe nunca pensa em si ela se negava até o limite a fim de estar aqui conosco, mas as dores eram muito fortes e ela não suportava mais então suas ultimas palavras foram! “Peça que minhas filhas me desculpem mais eu não estou mais aguentando, Oh Deus me leva eu não aguento mais.”
 
 
Neste dia 03 de outubro a dor dilacerou meu coração e  eu me vi sem meus braços para me aconchegar e me sentir protegida. Me vi sem chão.....
 
 
 
De: Marinalva Faustino Abdallah
Para: Angelina Soares
008/10/2013.

 

Mary
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