O veterano reformado
Traja o uniforme condecorado
Travando uma guerra
Com a poeira e a vértebra.
O idoso camuflado
De pombo em plena praça
Estuda uma jogada
Para encurralar o rei branco.
O velho reclamando
Da memória e da vista
Vê passarem, todo saudosista,
As moças rebolando:
 
- Já fui bom nisso... Hoje só relato.
 
Senhoras cheirando a gato,
Sentadas no preferencial,
Trocam doenças e dores
E combinam ir ao hospital.
O avô exilado
Em seu sofá desbotado,
Em seus retratos amarelos,
Dialoga com a TV a cores.
O tiozinho preto-e-branco
Com os pés se arrastando,
Esquece nomes e amigos...
Lembrados: só jazigos.

Praciano
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