PESADO NA BALANÇA DE DEUS

 

Quando o teu olhar adentrar nos meus olhos escuros,
Observando os segredos da minh’alma tristonha_
Franzirei a minha testa ao máximo qu’eu puder,
Morderei o meu lábio de forma que fique cerrado!
Sei que não poderemos ser uma só carne,
Nem mesmo sermos amantes tão perfeitos...

Tu renasces das cinzas de forma atormentadora,
Apontas no meu rosto abatido a minha imperfeição,
Grudas os teus olhos de noite ao meu de espanto,
Sussurras ao vento que gosta de brincar comigo...
N’uma forma tão suave te movimentas com graça_
Tento copiar tua dança tão absurda na qual me envolves.

Continuas sussurrando sem qu’eu entenda nada_
Os teus olhos de medo assombram os meus,
Então me fazes ver todo o horror do homem;
A raiva nascida de cada sufocar dentro do peito;
O cansaço de ouvir tantas mentiras quase verdades_
O meu grito é ensurdecedor junto ao teu sussurro!

Na balança de Deus são pesados os meus pecados...
Quem dentre os meros mortais como eu ainda não pecou?
Quem dos mais justos dos homens nascidos de mulher,
Atrever-se-á a atirar pedras contra aquela adultera?
Pobre de mim, tão pecador, insaciável e mortal!
A tua face me mostra o quanto eu sou todo errado...
 

Jairoberto Costa
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