Vim do fundo do tempo

 Vim do fundo do tempo
 
Vim do fundo do tempo
Na procura inefável do dia
Só encontrei trevas e tormento.
Por cada ano que sofria
Aumentava a raiva que sentia
Por não encontrar paz no sofrimento.
Enorme era o breu que me envolvia.
Era como um buraco negro
Cheio de coisas patéticas
Como: ilusão, ciúmes...
Loucuras, efábulo grego;
Algumas vezes: Sonho e magia
Outras ainda, malefícios do coração,
Imenso vórtice que me esmagava
- e quanto mais fugia mais caía! –
Percebi então que lutar não valia... 
Triste era a vida que o destino traçava,
Pelo menos Prometeu,
Ìcaro, Morfeu assim a viam…
Vida espremida que o delírio marcava
Numa procura para além dum horizonte
Do que o sonho e a razão mais queria
Tornando-me na imagem dum arconte
Que quanto mais lutava... mais caía
Sonhando voar nas asas do coração.
Caía nas loucuras da paixão.
Mas sempre, como a fénix, renasci.
E nas derrotas alcancei vitórias,
Ainda que a morte, parecesse glória,
Sempre à negra e gélida foice fugi
Negando ao Hades sua sorte inoportuna
De jus colher minh’alma sem fortuna!

Ezequiel Francisco
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