Carta à Branca de Neve

Carta  à Branca de Neve


À Branca de Neve:
 
Trata-se à presente, de correspondência destinada à Princesa Branca de Neve mas, por extensão, torna-se alusiva às Princesas Adormecidas, Encantadas, Rapunzeis e demais personagens de contos de fadas.
Aliás, extremamente exclusivistas e preconceituosas essas estorietas infantis!
Disseminam uma cultura perversa onde todas as moças solteiras sonham em se casar com o príncipe e ainda arrematam descaradamente:
 _ E viveram felizes para sempre!
Viveram felizes para sempre quem?
O príncipe e a princesa, certamente.  Mas e os sete anões?
E o capitão da guarda, o escudeiro, o moço da estrebaria...
Tiveram um triste e miserável final solitário!  Mas isso ninguém menciona. Isso por que esses contos de terror psicológico disfarçado são absolutamente elitistas e não dão a mínima para os aldeões (gente comum... do povo... nós, enfim), focando apenas na felicidade do casal real e ainda sugerem que, apenas por causa da pseudo-felicidadade deles, o restante do mundo seguirá “feliz para sempre”.
Ainda focando na realeza, talvez seja (e às vezes realmente é) mais recomendável às princesas, ao invés de permanecerem letargicamente adormecidas à espera do beijo encantado que, enfim às libertará do torpor eterno, levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima.
Nem sempre, esperar pelo Príncipe é um bom negócio.  Além do que, o príncipe é um só.  Não da pra todas.  Seria bom se cada uma encontrasse um príncipe encantado para se casar, mas às vezes é melhor sete anões na mão do que um príncipe voando (voando, cavalgando ou coisa que o valha)!
 
Analisando o aspecto de custo/benefício da relação príncipe/princesa:
 
 A psicologia não é uma ciência exata.   Tampouco a filosofia ou as demais ciências sociais.  Se nós quisermos analisar uma questão com a devida propriedade, devemos observá-la pela ótica da matemática.  Essa, sem surpresas,  tratando todos os elementos de uma equação com lógica irrepreensível.
Todas as coisas na vida possuem um custo/benefício.  Tudo tem um valor real a ser confrontado com o seu valor venal.  O valor real resume toda a matéria prima, mão de obra, tempo e demais recursos empregados na manufatura do bem, ou seja, é o quanto o bem realmente vale (valor intrínseco).  Já o valor venal, além de incluir uma margem de lucros justa ou satisfatória, agrega ainda um valor extrínseco, limitado apenas pelo quanto o comprador encontra-se disposto a pagar.
Para sermos bem sucedidos, devemos empregar em nossas relações pessoais e amorosas, o mesmo princípio que empregamos em nossas relações comerciais.  Ao adquirirmos um bem (uma relação) devemos antes, avaliar o seu custo (todo o esforço empregado para consolidar a relação e o sofrimento aí embutido), que não poderá jamais ser maior do que o benefício que esse bem irá nos proporcionar, ou seja, jamais devemos pagar pela mercadoria, mais do que ela realmente vale.
Geralmente, o valor venal é consignado de forma muito superior ao valor real de um objeto e quem estabelece o limite desse valor não é o proprietário/vendedor.  Normalmente esse limite é estabelecido pelo interessado/comprador.  Por essa razão, a grande maioria das coisas (ou relações) é supervalorizada. 
Um vaso que num leilão é vendido por 200 mil reais (valor extrínseco, fixado com base na amplitude do interesse do comprador em adquirir aquele bem especificamente), esse mesmo vaso, no mercado é vendido por mil reais ou menos.  Isso ocorre normalmente, por que costumamos emprestar às coisas, um valor muito acima do que elas realmente possuem.  Agir assim, superfaturando tanto as nossas relações comerciais, quanto nossas relações sociais, é caminhar diretamente para a falência.
Então, antes de sairmos por ai  pagando pelas coisas um preço muito maior do que elas realmente valem, deveríamos fazer uma pesquisa de mercado, estabelecer um limite para a compra e extrapolado esse valor limite, deveríamos procurar uma outra marca ou mesmo outro produto.
 
Trocando em miúdos:
 
Se uma coisa ta te dando prejuízos, parte pra outra!
 
As vezes a sorte pode estar te esperando na próxima esquina, mas você nunca vai saber se não atravessar a rua...
 
Boa sorte nas compras!
 
                                                              O Contador de Estórias.

 

BRUNO
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