O amor é lento e até o fim,
o amor lembra e não passa,
o amor tem medo e vem aos montes –
sobe à cabeça e desce para a barriga,
come seu bicho e limpa o prato.

O amor não sabe o que é sadio,
o amor corre para os lados
e se espalha pelos rins e fígado –
o amor é líquido e escorre bêbado
até ficar doente e vestir seu terno.

O amor mostra sua cara e não cora,
encontra em outro a sua máscara,
mistifica-se no seu corpo de amante,
e se torna um se comunga no amado.

O amor não tem cura nem corpo,
rima ou regra de contagem de pontos,
não se mira em milhas – não tem
lugar mais longe e nunca ficou perto.

O amor não pega fogo na roupa,
não cria pus, mas bate com pau
onde entra e em quem se abre,
joga, bebe e fuma – mostra querer bem.

Isaias Zuza Junior
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