O Último dos Flutuantes

O Último dos Flutuantes

Hoje sou um barco a vela
E o vento que me move
Me comove
Como os filmes de Chaplin...
Navegando num oceano de lágrimas
Em meio a tempestades
Que me tiram o equilíbrio
Procuro uma ilha...
Ondas vêm, ondas vão
E o que resta é um refrão
De uma canção antiga
De uma moda esquecida...
Não há bússola para me orientar
Não há Norte para alcançar
Simplesmente sigo o movimento das águas
Até encontrar um cais...
Nem o dia mais quente
Nem a noite mais fria
Abalam a minha estrutura
Nessa altura sou o último dos flutuantes
Não há barco sem rachadura
Não há vida sem sofrimento
Não há sorriso sem resquício de tristeza
E muito menos beleza incontestável
Já fui mais amável
Mais impetuoso
Outrora como um Titanic
Pena tanta soberba o afundá-lo
Afinal não se pode confrontar
O máximo criador
O meu proeiro é a esperança
Que vez em quando me visita
No pacífico, no Atlântico
É até mesmo no Índico
Só evito passar pelo triângulo das bermudas
Pois muitos parentes ali se perderam
E sigo o exemplo do meu tio Canoas
Que de seguro morreu velho!!!