No sossego um ar de estupidez

Lívida , Matilde olha pro teto
Abobadado e verde , talvez
A cor não sabia ao certo
 
Apesar do frio la dentro
E do cheiro forte
Era o seu perfume , um alento
Um prelúdio de sorte
 
O gás pouco a pouco se esvaia
E Matilde , coitada, sozinha
Deitava onde não tinha canto e dormia
Não tinha quarto, sala ou cozinha
 
Ali no  vazio do espaço
Era sua deusa, sua rainha
Até que pelo destino de um laço
Fora cuspida pra dentro da linha
 
De um casaco vermelho
Em dia de chuva
Se via no espelho
E por fim, acabava na rua.
 
 

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