R P G

    Os fatos adiante narrados, aconteceram em um Universo paralelo, em um mundo hipotético e num reino tão, tão...tão distante, que mesmo o seu nome se perdeu nos espaços entre as dobras temporais...  

 

Na planície deserta, junto à fogueira eu espero. Na noite escura, povoada por centauros, gnomos e sátiros, você surge como um fantasma.  Não posso imaginar quantos mundos você atravessou até chegar ali.  No teu contorno, que se define contra a claridade do luar, a transparência das tuas vestes de fada, deixa antever a tua alva nudez.  Estendo a mão e toco o teu seio, com medo de que você seja apenas uma miragem. Encontro a rigidez e o calor da tua pele jovem e teu corpo me responde com um ligeiro tremor.  Sem perda de tempo, te apreendo entre meus braços, enterrando os meus dedos na tua suave carne de elfo, com receio de que de repente, você desapareça em pleno ar.  Nossos corpos se entrelaçam numa física disputa, terminando os dois no chão da pradaria, rolando sobre a relva macia. Desde os teus seios, minha boca percorre nervosamente o caminho marcado pela penugem rala que cresce no teu ventre e que conduz até o delta dourado que guarda o cálice do vinho amargo do teu prazer.  Posso sentir as tuas coxas molhadas pelo suor da égua que você, até a pouco, cavalgava.  O cheiro animal, misturado ao teu cheiro animal, me transformam também em primitiva criatura, meio humana e meio fera, um hibrido animalesco ou quimera, despertando os meus instintos mais primevos.  Eu cheiro, mordo, provo... finalmente meus lábios encontram teus lábios num beijo íntimo, apertado, molhado e profano.  Minhas mãos te abrem gentilmente, revelando os úmidos segredos do teu desejo. Você se posiciona com um rebolado compassado e formamos um par, numa dança de passos marcados que faz o mundo girar cada vez mais rápido ao nosso redor.  Tua urgência enterra os dedos no meu cabelo, me puxando contra você, cada vez mais apertado, me enterrando tão fundo em você que nossas almas enfim se tocam e eu me torno um com você.  A minha alma e a tua alma, ambas, se tornando uma com o próprio Universo.  Eu sinto a magia se derramando quando você se retesa, erguendo o corpo contra mim e uma onda percorre todo o teu corpo e você explode, iluminando a noite com a intensidade de um milhão de estrelas.  Eu posso sentir o teu coração pulsando na ponta da minha língua invasora.  A cada batida, mil anos parecem se passar.  Rápido e descompassado, a princípio, desacelerando lentamente, junto com o teu peito que arfa cada vez menos, até que a calma retorna ao teu semblante sereno, percorrendo um longo caminho desde à excitação nervosa, até a placidez mórbida.  Um brilho de gratidão atrai o meu olhar ao teu.  Nos teus grandes olhos negros, uma lágrima dourada nasce, escorrendo pela tua face e molhando o solo fértil da savana, fazendo nascer uma flor.  Um doce cheiro almiscarado impregna o ar.   Agora a penumbra esconde a tua nudez e da mesma e misteriosa maneira que você surgiu, você desaparece, me deixando apenas os braços vazios e a impressão de que tudo não passou de um sonho ou de uma alucinação projetada pelo meu próprio desejo.  Não fosse o teu cheiro e o teu gosto que impregnam a minha alma, me marcando, para sempre teu...  

 

(Para ARWEN).  

BRUNO
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