Estava eu nos meus afazeres, rádio ligado, cantarolando com Eric Clapton (cantarolando tipo: na na na naaa), meu ingrês de botequim não me deixa compreender toda a dimensão da letra. Mas o título eu consigo traduzir: “tears in heaven” (lágrimas no paraíso).
Me perdi então, divagando sobre o que seriam as tais “lágrimas no paraíso”.
Talvez, as gotas de chuva;
Talvez,as lágrimas dos anjos;
Talvez as gotas de chuva sejam as lágrimas dos anjos, e quando chove, é por que os anjos choram.
Faz sentido!
Mas, será que os anjos choram?
E se choram, por que será que choram os anjos?
Talvez chorem por que, sendo eternos, enxergam todos os dias da nossa vida como um único dia, desde o nascimento, até a nossa morte e, olhando pra nós, nos vêem sempre no dia de nossa morte.
Nesse caso, os anjos choram por nós.
Talvez não.
Talvez chorem por que sendo anjos, não odeiam, não amam, nem conhecem o ardor e o arrebatamento das paixões avassaladoras que movem a humanidade.
Nesse caso, os anjos choram por eles mesmos.
Mas, será que os anjos choram?
É claro que os anjos choram!
Você chora...
Subitamente, me veio a exata compreensão do que são as “lágrimas no paraíso”:
Ao imaginar seus profundos olhos tristes e molhados, eu finalmente entendi:
São essas, as lágrimas no paraíso!
(Para um anjo)
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