Acalanto Divino

Escultura de silêncio.
 No invisível caos,
 Brindam notas musicais
 E letras ordenadas em versos.
 O coração expande-se,
 Ganha asas,
 Abandona o peito.
 E de repente se é Todo.
 Em algum ponto existe algo harmônico,
 Talvez uma paz iluminada,
 Um brotar de sementes solares.
 E mesclarem-se com outras lunares.
 Céu mitológico invade o da ciência.
 A razão mostra-se insuficiente
 E na sua impotência
 Recria nos corredores da imaginação.
 A razão como meio.
 E de momento para outro,
 Sem meio algum, sem meta alguma,
 Mesclando-se o começo com o fim.
 Desprezando o tempo,
 Sentido um voo
 Como se asas houvesse,
 Como se anjo fosse,
 Como velho em saber,
 Mas o coração infante.
 Sorrisos são poesias naturais,
 Olhares são versos e pedirem outros.
 E o hálito é bafejar da alma,
 Dos pulmões que capturam o ar,
 Sístole e diástole,
 O mundo respira.
 A Criação se expande e contrai
 E o coração alado
 Busca um ninho entre as nuvens,
 Sonhadas e oníricas,
 Brancas em meio a azuis,
 No adormecer da alma
 Acalentada pelo silêncio divino.

Gilberto Brandão Marcon
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