NA TUA PLANILHA A MINHA RUA ESTÁ ASFALTADA

 

Olha agora para o teu espelho,
Vê quão tão logo tu esqueces
Da tua própria aparência;
Da tua vida que é curta,
Tu morres antes que os teus 
Desejos sejam todos realizados...

Quais as coisas 
Que não podes fazer?
Qual é o único remédio
Para a tua cura de imediato?

Se quiseres pode pensar:
Os dois olhos vêem melhor do que um só...

Enquanto os teus olhos não disfarçam,
Os meus sonhos despedaçam,
Pra tudo há uma vez...
Até agora nada mudou,
Tudo permanece como sempre foi,
Cada um olhando por si mesmo...

Os meus olhos estão decepcionados,
O arrependimento os faz lacrimejarem...
Aquele aperto de mão
E a tapinha no ombro foi só propaganda,
Mas tinhas que estás ali,
Tavas representando uma personagem...
Das coisas que prometestes,
Nenhuma foi entregue até hoje...

Acho que me enganei ao dizer que nada mudou,
Mudou sim, a lama agora chega à minha porta,
O mato esconde o qu’eu chamava de minha rua,
Os buracos se multiplicaram, se alargaram mais...

Olha agora para o teu espelho,
As tuas promessas ainda estão lá...
Esquecestes-me de uma vez por toda,
Não visitas mais o Zé e nem a Maria...

Olha agora para o teu espelho,
Podes contemplar o meu semblante decepcionado?

Olha agora para o teu espelho,
Quem sabe na tua reeleição 
Tu possas lembrar-se de mim e dos demais,
Quem sabe tu venhas me visitar outra vez;
Quem sabe tu não apertes novamente a minha mão;
Quem sabe a tapinha no ombro de novo...

Olha agora para o teu espelho,
Veja a condição em qu’eu me encontro...

Se quiseres pode pensar:
Um olho só às vezes vê melhor que os dois...
 

Jairoberto Costa
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