A chuva noturna colori o cenário
desta cômica tragédia da gente:
Você, resoluta quanto ao obituário,
se encarrega da cova assim, urgente,
 
e eu, pálido e seco feito nossa flor,
prometo ser enterrado sem relutar, vencido.
Não nego: meu peito rejeita este estupor,
mas teu peito já é concreto de jazigo
 
e não me dou o direito de sobrepujá-lo...

Antes me permito o dever de beijá-lo,

mas já que você me exime deste prazer
 

o quê fazer senão suturar o coração?
Converter perfume e calor em imaginação
enquanto a chuva inuma a flor a jazer.

Praciano
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