FANTASMA DE TIRADENTES DISCURSANDO EM UM CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO:
Pelo visto nesta terra de injustiça,
nada mudou do tempo em que estou ausente,
pois há quem nega o trabalho por preguiça,
se não explora, salteia o mais carente!
Desde o tempo quando as cordas da cobiça,
calaram meus ideais tão ferozmente,
comprimiram meu pescoço qual linguiça,
nossos vilões desfilam impunemente!
No alto ergueram minha cabeça inteiriça,
qual um troféu que se dá ao prepotente;
meu sangue derramado sem dura liça,
ao traidor rendeu pouco, o suficiente.
Que dos pobres a esperança é quebradiça
retratou a minha sina inconfidente,
e da elite só me resta uma premissa:
"Não há olhares nobres p`ra minha gente".
O que me dói desde quando fui carniça,
e desde agora - só um fantasma indigente -
não é a falta de um dedicada missa,
de uma vela que se apague lentamente!
O que me dói, minha consciência eriça
é saber qu`inda sofre tanto inocente;
e que, nesta nação ingrata, é postiça
a piedade que existe supostamente.
Lamento tanto honesto homem que se atiça
por um sorriso grato - "Doutor do dente" -
pois eu morri p`la vingança irritadiça,
e hoje tu morres gemendo em chama ardente!
Minha revolta em areia movediça
nada valeu ao futuro decadente!
E se eu vivesse nesta quadra enfermiça
me queimava, antes da forca, um delinquente!
POEMA ESCRITO EM 13/06/2013
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