Teatro dos Sentimentos


Deixei o silêncio falar por nós
Enquanto avistava tua alma no fundo dos teus olhos
Os ponteiros do relógio teimavam em se movimentar
Com isso nosso tempo se esvaia e os corações se aceleravam
Só faltava uma palavra para desencadear todo sentimento
Só faltava uma ação para começar uma história
Como crianças permanecíamos próximos, como irmãos nos abraçávamos
O medo de perder sua amizade afastava a possibilidade de sermos um par romântico
Aos poucos me contentava apenas em ser o seu melhor amigo
Aos poucos me contentava em vê-la feliz com outro
São coisas da vida, teatro dos sentimentos...
Hoje não vejo possibilidades de tê-la em meus braços
Hoje me contento com as lembranças da infância,
E apenas sorrio quando escuto o seu nome
As decepções são tantas, que meu coração se tornou uma alegoria
Quem sabe a Portela escreva um samba chamado “sentimento”
Quem sabe tenho um pouco de Cartola e de Joãozinho Trinta em minhas veias
Quem sabe ela ainda me ama e esteja vivendo aprisionada em outros braços...